Papa Leão 14: cardeal norte-americano Robert Prevost assume liderança da Igreja

Papa Leão 14: cardeal norte-americano Robert Prevost assume liderança da Igreja

A Igreja Católica tem um novo líder. O cardeal norte-americano Robert Francis Prevost, de 69 anos, foi eleito papa nesta quinta-feira (8), no segundo dia de conclave, e será conhecido a partir de agora como Leão 14. A tradicional fumaça branca que anuncia a escolha do novo pontífice foi expelida pela chaminé da Capela Sistina no início da tarde, após a quinta rodada de votações entre os 133 cardeais eleitores.

Prevost foi eleito com ao menos 89 votos — dois terços do colégio cardinalício — e assume como sucessor do papa Francisco na Cátedra de São Pedro. Natural de Chicago, ele entra para a história como o primeiro papa vindo dos Estados Unidos e também o primeiro oriundo de um país de maioria protestante.

Apesar de sua origem norte-americana, a trajetória de Prevost na Igreja está fortemente ligada à América Latina. Atuou como missionário no Peru por mais de uma década, onde ganhou notoriedade e assumiu funções importantes na Conferência Episcopal local. Foi bispo da Diocese de Chiclayo entre 2014 e 2023 e, no Vaticano, ocupava, até a eleição, os cargos de prefeito do Dicastério para os Bispos e presidente da Comissão Pontifícia para a América Latina.

Discreto e de fala serena, Prevost é considerado um reformista, alinhado ao espírito de abertura impulsionado por Francisco. Formado em teologia pela União Teológica Católica de Chicago, também possui doutorado em direito canônico pela Universidade de São Tomás de Aquino, em Roma.

Sua ordenação como padre ocorreu em 1982, e já em 1984 ele iniciou seu trabalho missionário em cidades peruanas como Piura e Trujillo, durante o conturbado governo de Alberto Fujimori. Foi nessa época que chegou a exigir desculpas públicas pelas violações de direitos humanos cometidas no país.

Em sua passagem pela Diocese de Chiclayo, Prevost enfrentou sua principal crise: em 2023, foi acusado de acobertar abusos sexuais cometidos por dois padres contra meninas. As denúncias apontam que ele foi informado em 2020 e formalizou os relatos dois anos depois, encaminhando-os ao Vaticano. Um dos padres foi afastado preventivamente; o outro já estava inativo. A diocese nega omissão e afirma que os protocolos canônicos foram seguidos. A investigação oficial ainda não foi concluída.

Em 2023, Prevost foi nomeado cardeal, cargo que ocupou por menos de dois anos antes de ser escolhido como papa — um intervalo considerado raro nos tempos modernos. Também foi ele quem liderou uma oração pública pela recuperação de Francisco durante sua internação no mesmo ano, um gesto que reforçou sua presença na Cúria.

O conclave que elegeu Leão 14 começou na quarta-feira (7). A primeira votação, naquela tarde, resultou em fumaça preta, sinal de que não havia consenso. A mesma cena se repetiu após as votações seguintes, na manhã desta quinta. Foi somente após a quinta rodada que os cardeais chegaram a um acordo.

Com a escolha de Prevost, a Igreja Católica inicia um novo capítulo após os 12 anos de pontificado de Francisco, cuja morte, causada por um AVC e insuficiência cardíaca, ocorreu há 17 dias. A expectativa agora é sobre como Leão 14 conduzirá a instituição em meio a desafios internos, escândalos e a necessidade de reconectar a fé com os fiéis em um mundo cada vez mais secularizado.

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