Mesmo entre mais ricos, maioria dos brasileiros não tem reserva de emergência, aponta estudo

Mesmo entre mais ricos, maioria dos brasileiros não tem reserva de emergência, aponta estudo

Ter uma reserva emergencial — e, principalmente, mantê-la — tem se tornado algo mais raro no Brasil. Uma pesquisa do Instituto Locomotiva mostra que 73% dos entrevistados não têm qualquer montante guardado para emergências. Mesmo entre as classes AB, o percentual é elevado: 63% dos entrevistados não dispõem de um colchão de segurança, realidade que costuma ser associada às camadas mais vulneráveis. O cenário é mais alarmante entre as classes C e DE, onde os índices chegam a 77% e 81%, respectivamente.

A pesquisa mostra ainda que os principais motivos que levam os brasileiros a recorrer ao crédito são emergências financeiras (53%) e o pagamento de dívidas (31%). O levantamento ouviu 2.800 pessoas de todos os estados do país — homens e mulheres entre 18 e 65 anos, bancarizados e com histórico de ao menos um empréstimo pessoal na vida.

— As classes mais altas têm mais dinheiro guardado que as classes C e D, o que não quer dizer muita coisa, porque as classes C e D também não têm tanto dinheiro guardado. Educação financeira não tem a ver com guardar dinheiro. Se você ganha pouco, gasta seu dinheiro mais facilmente — observa Renato Meirelles, presidente do Instituto.

Especialistas avaliam que, mesmo nas classes A e B, a inflação tem consumido reservas mais rapidamente:

— Fazer uma reserva se torna complicado, a pessoa precisa ser muito organizada. E isso já está chegando nas pessoas de classes mais altas. O recomendável é manter uma reserva equivalente à de 3 a 6 vezes o salário, mas isso já está virando uma “não verdade”, porque ninguém consegue manter uma reserva de emergência assim — diz a especialista em finanças pessoais Graziela Fortunato, professora da Escola de Negócios da PUC no Rio (IAG).

Rafaela de Sá, planejadora financeira CFP da Planejar, avalia que a questão não está só na renda: mesmo quem ganha mais, muitas vezes não tem um bom histórico de organização financeira nem uma boa relação com o dinheiro.

— Os bancos digitais trouxeram apoio e mais pessoas passaram a ter acesso a produtos financeiros. Ao mesmo tempo, o simples da educação financeira não se disseminou.

Sem recursos para cobrir gastos inesperados ou dívidas, a saída mais recorrente tem sido o empréstimo pessoal: a pesquisa mostra que três em cada quatro brasileiros recorreram a essa modalidade no último ano — e mais da metade (53%) o fez múltiplas vezes.

A pesquisa revela outro dado preocupante: na hora de contratar um empréstimo, 61% das pessoas priorizam a menor taxa de juros, enquanto só 39% dizem que o mais importante é saber se a parcela vai caber no orçamento.

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