Investigação sobre a família Bolsonaro é tema de entrevista com Juliana Dal Piva no DR com Demori

Investigação sobre a família Bolsonaro é tema de entrevista com Juliana Dal Piva no DR com Demori

A jornalista Juliana Dal Piva é a convidada desta terça-feira (29) do programa DR com Demori, exibido pela TV Brasil. Em entrevista com o jornalista Leandro Demori, Juliana compartilha os bastidores de suas investigações sobre a família Bolsonaro, detalhando os desafios enfrentados e as descobertas que marcaram sua carreira. O programa vai ao ar às 23h e traz um olhar aprofundado sobre o esquema de desvio de salários envolvendo os gabinetes da família Bolsonaro, prática que, segundo a jornalista, teve início nos anos 1990.

Conhecida pelo trabalho investigativo, Juliana foi responsável por reportagens que deram origem ao podcast A Vida Secreta de Jair e ao livro O Negócio do Jair. Durante a entrevista, ela destacou como a investigação revelou a existência de um esquema único de desvio de salários, onde o patriarca Jair Bolsonaro colocou seus filhos na política para enriquecer, gerando tanto poder político quanto financeiro. “Era um esquema único em que o pai botou os filhos na política para enriquecer e criar tanto um poder político quanto um poder financeiro”, afirmou Juliana.

O trabalho investigativo de Juliana começou com o relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), sobre Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro, e acabou revelando uma estrutura mais ampla. Segundo a jornalista, ao menos 286 funcionários passaram pelos gabinetes da família Bolsonaro ao longo de 30 anos. Ela relatou casos, como o de Andréa Siqueira Valle, ex-cunhada de Bolsonaro, que foi funcionária fantasma entre os gabinetes de Jair, Flávio e Carlos Bolsonaro por 20 anos, devolvendo 80% a 90% de seu salário.

Além do desvio de salários, Juliana destacou o uso constante de dinheiro em espécie nos esquemas financeiros envolvendo os gabinetes da família Bolsonaro, uma prática que, segundo ela, visava driblar o sistema bancário. “A família Bolsonaro tem alergia ao sistema bancário”, criticou Juliana, referindo-se à aversão da família ao uso de transações bancárias como TEDs e Pix. A aquisição de imóveis e outros bens com grandes quantias de dinheiro vivo também foi um ponto abordado pela jornalista.

As investigações de Juliana geraram reações agressivas. Ela relatou ter sofrido ameaças após a publicação das reportagens, incluindo processos judiciais, ataques em redes sociais e até montagens forjadas de conversas, que circularam por meses. Essas ameaças foram parte de um cenário de incitação ao ódio, com mensagens intimidatórias e ofensivas. Apesar disso, Juliana segue processando criminalmente os responsáveis e buscando justiça por meio de medidas legais.

Além de sua cobertura sobre a família Bolsonaro, Juliana também dedicou sua carreira ao caso do assassinato da vereadora Marielle Franco. Ela afirmou que as investigações do caso Marielle evidenciaram falhas no sistema de segurança pública do Rio de Janeiro e a omissão de autoridades durante as apurações iniciais. A jornalista destacou ainda o impacto do caso Marielle ao expor a rede de execuções por encomenda envolvendo ex-policiais militares e bicheiros, conhecidos como o “escritório do crime”.

No final da entrevista, Juliana apresentou seu novo livro, Crime sem Castigo – Como os militares mataram Rubens Paiva. A obra reconstrói a busca de quatro décadas da família Paiva por justiça após o assassinato do militante durante a ditadura militar. Juliana defendeu que o caso pode abrir discussões sobre a Lei da Anistia e possibilitar a reinterpretação dos crimes de tortura e assassinato cometidos por militares, que devem ser julgados por crimes contra a humanidade.

Ao longo da conversa, Juliana reforçou sua posição sobre a responsabilidade de levar adiante investigações sobre crimes históricos e a importância de julgar os violadores dos direitos humanos, independentemente do tempo passado. Ela concluiu dizendo: “Todos os graves crimes de violações de direitos humanos […] sejam todos passíveis de julgamento”.

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