Café pesa no bolso: preço dispara com maior inflação desde o Plano Real

Café pesa no bolso: preço dispara com maior inflação desde o Plano Real

O preço do café moído subiu 80,2% nos últimos 12 meses, de acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado nesta sexta-feira (10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Essa é a maior inflação registrada para o produto em 12 meses desde maio de 1995, quando o índice foi de 85,5%, marcando um recorde desde a criação do Plano Real.

A alta acumulada é resultado de uma combinação de fatores, principalmente os problemas climáticos que afetaram a produção nacional e internacional. Entre os principais motivos estão o calor extremo e a seca, que causaram estresse nas lavouras e fizeram com que as plantas abortassem os frutos. A indústria do café, segundo dados do setor, enfrentou um aumento de 224% nos custos com a matéria-prima, enquanto para os consumidores, o café ficou 110% mais caro desde o início do ciclo de alta.

O impacto climático também se estendeu a outros grandes produtores, como o Vietnã, que sofreu quebras de safra. Além disso, conflitos no Oriente Médio encareceram o transporte internacional e o preço dos contêineres, pressionando ainda mais os custos logísticos.

Mesmo com uma leve desaceleração em abril, quando a alta foi de 4,48%, os aumentos nos meses anteriores mantêm a inflação acumulada em patamar histórico. Em março, a variação foi de 8,14%, e em fevereiro, de 10,77%, maior alta mensal em 26 anos.

De acordo com o gerente do IPCA, Fernando Gonçalves, o cenário internacional e a valorização do dólar continuam afetando os preços internos. “E o dólar também acaba encarecendo”, explicou.

Outro fator determinante foi o aumento da demanda global. O Brasil, maior produtor e exportador mundial de café, tem conquistado novos mercados, como a China, que passou da 20ª para a 6ª posição no ranking de importadores desde 2023. O crescimento das exportações reduz a oferta interna, pressionando os preços para o consumidor brasileiro.

A Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic) já havia alertado, em fevereiro, que os preços continuariam em alta por mais alguns meses, dado que parte dos custos ainda não havia sido repassada integralmente ao consumidor final.

Diante deste cenário, o café — a segunda bebida mais consumida no Brasil, atrás apenas da água — se torna mais um item de peso no orçamento das famílias brasileiras.

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