Ejacular com frequência reduz o risco de câncer de próstata? Estudos apontam associação
A relação entre a frequência de ejaculação e a prevenção do câncer de próstata é tema de debate médico há décadas. A doença é o segundo tipo de tumor mais comum entre homens no Brasil, atrás apenas do câncer de pele não melanoma, segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA). Na maioria dos casos, a enfermidade se manifesta após os 50 anos e o risco aumenta com o envelhecimento.
Um dos estudos mais conhecidos sobre o assunto foi conduzido pela Universidade de Harvard. Entre 1992 e 2010, mais de 31 mil homens responderam a questionários sobre hábitos de vida e frequência de ejaculação. Os resultados mostraram que aqueles que ejaculavam 21 vezes ou mais por mês apresentaram 31% menos risco de desenvolver câncer de próstata em comparação com os que relataram de quatro a sete ejaculações mensais.
Por que a ejaculação pode influenciar?
Pesquisadores apontam que a ejaculação frequente pode ajudar a eliminar toxinas e estruturas semelhantes a cristais que se acumulam na próstata, reduzindo as chances de inflamações. Além disso, o processo melhora o fluxo de sêmen na glândula, o que pode diminuir um dos fatores de risco da doença.
O urologista e oncologista Bruno Benigno, do Hospital Oswaldo Cruz, explica:
— “A literatura médica atual sugere que uma maior frequência de ejaculação ao longo da vida adulta está associada a um menor risco de câncer de próstata, em torno de 20% a menos, especialmente para as formas menos agressivas da doença. Já para os casos mais graves, essa associação não foi comprovada. Mas ainda são necessários estudos mais aprofundados para eliminar outros fatores que podem influenciar os resultados.”
O papel do estilo de vida
Especialistas alertam que a frequência de ejaculação não pode ser analisada de forma isolada. Em muitos casos, homens que ejaculam mais também mantêm hábitos saudáveis, como prática de atividades físicas, alimentação equilibrada e consultas médicas regulares. Por outro lado, aqueles que ejaculam menos podem enfrentar problemas de saúde, dificuldades nos relacionamentos ou sintomas de depressão.
Ou seja, parte da associação entre a frequência de ejaculação e um risco menor de câncer pode estar ligada ao estilo de vida como um todo. Além disso, fatores como a população estudada, a forma de medir a frequência (se inclui relações sexuais, masturbação ou até ejaculações involuntárias) e o número de participantes podem influenciar os resultados.
Prevenção continua sendo prioridade
Apesar das evidências, especialistas reforçam que a ejaculação frequente não deve ser entendida como única forma de prevenção. A melhor estratégia contra o câncer de próstata inclui:
Alimentação rica em frutas, verduras e grãos integrais;
Prática regular de exercícios físicos;
Evitar o tabagismo e reduzir o consumo de álcool;
Consultas e exames periódicos, como o PSA e o toque retal, principalmente após os 45 anos ou antes, em casos de histórico familiar.
A ciência ainda não tem uma resposta definitiva, mas os estudos sugerem que a ejaculação frequente pode estar associada a um risco menor da doença, especialmente nas formas menos agressivas. Médicos ressaltam que esse hábito deve ser considerado como parte de um conjunto de práticas saudáveis para garantir uma vida mais longa e com qualidade.
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